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O caso Moro navegou sozinho nas redes, sem resposta oficial

Mar 23, 2023

Por Luis Nassif, no Jornal GGN                                                                                                                        

 

Como uma grande empresa trabalha a comunicação na era das redes sociais, especialmente se tiver muitos departamentos e sucursais?

O primeiro passo é montar uma rede de assessores de comunicação em cada área sensível. No caso de governos, seria nos Ministérios e agências mais relevantes.

É fundamental uma rede interna, ligando todos os pontos. E, depois, sistemas relevantes de monitoramento das redes sociais e das demandas da mídia.

Passo prévio essencial é identificar os pontos sensíveis, os temas que podem dar margem a explorações. Em seguida, preparar respostas padrão, especialmente para aqueles temas mais complexos..

A Secom tem que estar permanentemente alimentada com os principais indicadores do governo, para administrar o dia a dia.

O sistema tem que trabalhar com o conceito de semáforo. Sempre que identificar um tema em crescimento nas redes, a Secom definirá seu grau de impacto. A partir daí, haverá um protocolo para cada nível: a resposta básica do assessor da área em questão; o secretário-executivo e o próprio Ministro.

Esse trabalho não prescinde de jornalismo público. Ou seja, não basta assessores respondendo burocraticamente as dúvidas mas, também, indo atrás de informações.

Tome-se esse caso das investigações sobre o suposto atentado do PCC planejado contra Sérgio Moro.

As investigações corriam a algum tempo. Era óbvio que seria explorado pelo ex-juiz, especialmente se tivesse o controle da cronologia. A operação é deflagrada justo no dia em que há uma troca de guarda na Polícia Federal e um dia depois de uma fala infeliz de Lula.

Quem assina a ordem? A Juiz Gabriela Hardt, estreitamente ligada a Moro e à Lava Jato.

  1. Dados do início das investigações.
  2. Dados sobre os alvos. Aliás, a história de que Sérgio Moro era alvo é inverossímil. O PCC atua de forma empresarial. Evita crimes de impacto para não atrapalhar seus negócios de venda de droga. Um atentado contra um ex-juiz, ex-Ministro e atual Senador faria com que todas as forças oficiais da Nação caíssem sobre eles. E a troco de que uma vingança contra atos burocráticos tomados pelo então Ministro da Justiça três anos atrás?

Mas não havia uma informação sequer para se contrapor aos fake news. A reação dependeu exclusivamente das declarações do Ministro Flávio Dino e do delegado responsável pelo inquérito.

Para toda a opinião pública, ficou a versão do ex-juiz heróico ameaçado.

Nem se fale a notícia (não confirmada) da nomeação do braço direito de Jorge Paulo Lemann para a diretoria de Política Monetária do Banco Central.

Definitivamente, este governo carece de uma política de comunicação.

 

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