Como uma grande empresa trabalha a comunicação na era das redes sociais, especialmente se tiver muitos departamentos e sucursais?
O primeiro passo é montar uma rede de assessores de comunicação em cada área sensível. No caso de governos, seria nos Ministérios e agências mais relevantes.
É fundamental uma rede interna, ligando todos os pontos. E, depois, sistemas relevantes de monitoramento das redes sociais e das demandas da mídia.
Passo prévio essencial é identificar os pontos sensíveis, os temas que podem dar margem a explorações. Em seguida, preparar respostas padrão, especialmente para aqueles temas mais complexos..
A Secom tem que estar permanentemente alimentada com os principais indicadores do governo, para administrar o dia a dia.
Esse trabalho não prescinde de jornalismo público. Ou seja, não basta assessores respondendo burocraticamente as dúvidas mas, também, indo atrás de informações.
Tome-se esse caso das investigações sobre o suposto atentado do PCC planejado contra Sérgio Moro.
As investigações corriam a algum tempo. Era óbvio que seria explorado pelo ex-juiz, especialmente se tivesse o controle da cronologia. A operação é deflagrada justo no dia em que há uma troca de guarda na Polícia Federal e um dia depois de uma fala infeliz de Lula.
Quem assina a ordem? A Juiz Gabriela Hardt, estreitamente ligada a Moro e à Lava Jato.
- Dados do início das investigações.
- Dados sobre os alvos. Aliás, a história de que Sérgio Moro era alvo é inverossímil. O PCC atua de forma empresarial. Evita crimes de impacto para não atrapalhar seus negócios de venda de droga. Um atentado contra um ex-juiz, ex-Ministro e atual Senador faria com que todas as forças oficiais da Nação caíssem sobre eles. E a troco de que uma vingança contra atos burocráticos tomados pelo então Ministro da Justiça três anos atrás?
Mas não havia uma informação sequer para se contrapor aos fake news. A reação dependeu exclusivamente das declarações do Ministro Flávio Dino e do delegado responsável pelo inquérito.
Para toda a opinião pública, ficou a versão do ex-juiz heróico ameaçado.
Nem se fale a notícia (não confirmada) da nomeação do braço direito de Jorge Paulo Lemann para a diretoria de Política Monetária do Banco Central.
Definitivamente, este governo carece de uma política de comunicação.