Há uma enorme guerra civilizatória, de volta à institucionalidade. Dois eventos tiraram o país da institucionalidade. Um, a Lava Jato, com procuradores e juiz atropelando todas as normas do direito e passando a atuar politicamente. Aliados a eles, alguns desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4a Região. O outro, consequência direta, foi Jair Bolsonaro.
Trava-se, agora, uma guerra intestina para devolver o país ao leito da legalidade. E o braço de guerra é o depoimento de Tacla Duran, que poderia, finalmente, revelar a verdadeira história da Lava Jato.
Tentou, também, de todas as maneiras colocar uma parceira de Moro, a juíza Gabriela Hardt, para o lugar de Appio. Ontem, Malucelli – que é conhecido como grande amigo de Moro – pautou três correições parciais contra Appio e colocou as três em sigilo – nem os acusados foram ouvidos, nem têm acesso a elas.
No final do dia, desenterrou uma ação de Moro contra Tacla Duran, parada há cinco anos, para ordenar nova prisão de Tacla.
Ao mesmo tempo, na Comissão de Fiscalização e Controle, o deputado Deltan Dallagnol lidera movimento para impedir a convocação de Tacla Duran para depor sobre a Lava Jato.
São os últimos estertores do estado paralelo criado na última década.
- Há uma suspeita de corrupção forte atingindo diretamente o ex-juiz e senador Sérgio Moro. A revelação dessa corrupção colocará sob suspeita todos os magistrados e procuradores que endossaram suas arbitrariedades.
- Fossem inocentes, haveria todo o interesse em ouvir Tacla, na Polícia Federal investigar as denúncias e, se comprovarem sua inconsistência, processá-lo por calúnia. Obviamente, a resistência em ouvi-lo prende-se ao receio de que as provas sejam substantivas.
- O TRF4 é composto por mais de 40 desembargadores, mas está sob suspeita. A forma como o lavajatismo se infiltrou na 8a Turma tornou-se ostensiva demais, suspeita demais. 4 ou 5 desembargadores afetam a reputação de todo o colegiado.
A opinião pública não pode ficar sem resposta para a questão Tacla. É impossível a um país minimamente civilizado varrer para baixo do tapete acusações dessa envergadura.
Não é possível se aceitar mais que um desembargador, através de manobras regimentais, desobedeça a uma determinação do Supremo. Desmoraliza-se a Justiça, desmoraliza-se especialmente o TRF4.
O país atravessa um movimento de reinstitucionalização, do qual um dos capítulos mais relevantes é a volta do Judiciário aos trilhos da Justiça.
É momento da corregedoria do Conselho Nacional de Justiça colocar um fim a esse jogo que desmoraliza o Judiciário.