Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Durante horas e dias a fio ao longo de quase seis meses, os comentaristas de política da GloboNew e toda a imprensa comercial apontaram a “falta de base” de apoio ao governo Lula no Congresso Nacional, especialmente na Câmara dos Deputados, como um gravíssimo problema de governabilidade.
Mesmo careca de saber que os dois projetos essenciais do governo este ano são as novas regras fiscais e a reforma tributária, a imprensa elegeu a derrota de Lula, na Câmara, em alguns decretos menos importantes sobre saneamento, para concluir que:
“A articulação política do governo é incompetente.”
“O ministro Padilha está queimado entre deputados e senadores, e até com o presidente Lula.”
“Centralizador e tido como braço direito de Lula, o que desperta ciumeira, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, é mal visto por Lira e Pacheco e até por parlamentares do PT.”
“O União Brasil, o MDB e o PSD, embora tenham amealhado cada um três ministérios, vão entregar poucos votos ao governo no Congresso, pois é grande a insatisfação entre seus parlamentares.”
Claro que o governo Lula enfrenta dificuldades e seguirá lidando com problemas na relação com o Legislativo de composição mais conservadora da história. Isso é bem diferente do histerismo alarmista da mídia.
Por tudo isso, o resultado da votação do arcabouço tem um sabor especial.
Votaram a favor 372 deputados e deputadas (só para lembrar, são precisos 308 votos para se aprovar mudanças constitucionais) e contra apenas 108.
Entre os partidos que “certamente trairiam", segundo a gloriosa imprensa nativa, a votação foi a seguinte: MDB (32 favoráveis, 3 contrários), PSD (40 x 2) e União Brasil (50 x 7).
E mais: 30 parlamentares do PL, de Bolsonaro, votaram com o governo.
Contudo, os analistas da GloboNews já estão fazendo a cara de paisagem de sempre, como se não fosse com eles.
Deixa estar, afinal de onde menos se espera é que não vem nada mesmo.