Foto: Lula Marques/Agência Brasil
É incrível como a imprensa comercial teima em não informar corretamente algumas questões institucionais banais, que seriam facilmente compreendidas pelo distinto público.
É que o viés político das edições atrapalha.
Nove entre dez pessoas que leram ou ouviram o noticiário sobre a Medida Provisória que trata da reestruturação do governo firmaram a convicção de que o Congresso Nacional manietou os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, tirando-lhes definitivamente o poder sobre assuntos importantes.
As mudanças mais impactantes são as que transferem a gestão sobre o Cadastro Ambiental Rural, do Ministério Meio Ambiente para o Ministério da Gestão e Inovação; a que retira a competência do Meio Ambiente sobre a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, transferindo-a para o Ministério da Integração Regional, além da demarcação das terras indígenas, que sai do âmbito do Ministério dos Povos Indígenas e vai para o da Justiça.
Mas, a realidade é outra. Ainda estão rolando os dados.
Todas essas mudanças fazem parte do relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e foram produzidas por uma comissão mista formada por deputados e senadores.
Aí entra o truque da mídia corporativa: não há qualquer destaque para o fato de que essas propostas precisam ainda ser submetidas aos plenários da Câmara e do Senado, antes de se tornarem leis.
Ou seja, até a data-limite para a perda de validade da MP, que é 31 de maio, à meia-noite, as coisas ainda podem mudar.
É mais provável que o relatório do deputado alagoano, ligado fortemente ao presidente da Câmara, Arthur Lira, acabe aprovado pelos plenários das duas Casas?
Claro que sim, pois a tal comissão mista deve refletir as posições das bancadas sobre o assunto.
Contudo, o governo pretende se empenhar para reverter pelo menos alguns pontos, e em política tudo é possível.
Em qualquer democracia que se pretenda séria, telespectadores e leitores têm direito à informação confiável.
Estamos longe disso no Brasil.