Ramagem é homem de confiança de Bolsonaro - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
1) Alexandre Ramagem é um policial federal, unha e carne com a família Bolsonaro. Militante da extrema-direita, está sempre a postos para servir ao chefe, aos seus filhos e esposa. Para beneficiar o clã, já ostenta um respeitável cartel de serviços prestados.
2) Vale lembrar que a crise que culminou na saída do juiz parcial e corrupto Sérgio Moro, do Ministério da Justiça, deveu-se à tentativa de Bolsonaro de emplacar Ramagem na superintendência da Polícia Federal do Rio, com o nítido propósito de protegê-lo e aos seus.
3) Como ficou evidente demais a manobra antirrepublicana, Bolsonaro resolveu entregar a direção da Agência Brasileira de Inteligência para seu bate-pau. O propósito, claro, não era produzir informações estratégicas para o Estado brasileiro, conforme a missão institucional da Abin, mas montar um esquema de espionagem paralelo e ilegal, tendo como alvo autoridades e cidadãos comuns, desde que fossem adversários ou críticos do bolsonarismo.
4) Logo estava funcionando a pleno vapor uma Abin paralela dentro da instituição, formada, segundo a Polícia Federal, por sete policiais federais da confiança de Ramagem e que certamente compartilhavam da mesma ideologia.
5) Além dos nomes mais conhecidos já citados pela mídia, como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Camilo Santana e Rodrigo Maia, cerca de 30 mil brasileiros e brasileiras, de acordo com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, foram espionados pelos criminosos travestidos de servidores públicos. Aliás, a sociedade tem o direito saber quem são todas as vítimas da arapongagem delinquente. Os deputado Glauber Braga já entrou com pedido de divulgação dos nomes, mas até agora nada.
6) O rastreio secreto de celulares era feito por um sofisticado sistema espião israelense, o FirstMile, que consegue obter a localização aproximada dos aparelhos, além de disparar alertas em tempo real. Os dados ficavam armazenados em Israel, em flagrante violação não só do direito constitucional à privacidade, como da soberania nacional. O sistema, que foi comprado à empresa israelense Cognyte, com dispensa de licitação, já no apagar das luzes do governo do golpista Temer, custou R$ 5,7 milhões.
7) Segundo a PF, a organização criminosa que operava na estrutura da Abin forneceu informações a Flávio Bolsonaro, para serem usadas em sua defesa, no caso das rachadinhas, e a Renan Bolsonaro, para ajudá-lo a se desvencilhar das falcatruas das quais é acusado.
8) Exibindo o comportamento comum aos bolsonaristas sempre que evidências e fatos explícitos desnudam seus crimes, Ramagem nega, Flávio Bolsonaro nega e Renan Bolsonaro nega. A valentia e o desprezo pela democracia por parte dos extremistas de direita duram até o momento em que são levados a cabo mandados de busca e apreensão, prisões ou quando investigações se tornam públicas. A partir daí, negam até mensagens gravadas com suas vozes, textos escritos por eles e fotografias em cenas do crime, além de fazerem juras de amor ao regime democrático. A mentira e a covardia são traços marcantes do caráter dessa turma.
9) Se é verdade que se fecha o cerco policial e judicial aos crimes em série cometidos por Bolsonaro, seus familiares e seguidores, e que deve-se seguir à risca o devido processo legal, também é imperioso que, em nome da justiça, os procedimentos jurídicos sejam acelerados. Causa indignação ver o ex-presidente debochar da opinião pública e afrontar a inteligência alheia.
10) Quebraram tudo em Brasília, no dia da diplomação de Lula; Tentaram explodir o aeroporto de Brasília; Encontraram uma minuta de golpe, na casa do ex-ministro das Justiça de Bolsonaro; Falsificaram os cartões de vacina de Bolsonaro e família; Roubaram e venderam joias recebidas pela Presidência da República; Tentaram dar um golpe de estado em 8 de janeiro de 2023, destruindo as sedes dos três poderes; Montaram um esquema criminoso de espionagem ilegal dentro do governo.
Mas Bolsonaro teima em dizer que não tem nada com isso.
Até quando?
PS: Merece investigação rigorosa, com punições exemplares, se for o caso, a acusação feita pela PF de que integrantes da Abin, já na gestão do atual governo, tentaram atrapalhar as investigações sobre a espionagem bolsonarista.