Não invejo a sorte dos jornalões. Como quebraram a cara na aposta que fizeram contra o crescimento do PIB brasileiro de 2023, tiveram que dar asas à imaginação para fazer um movimento orquestrado tentando desmerecer o ótimo resultado obtido pelo Brasil.
Coisa feia.
Passaram todo o ano de 2023 fazendo coro com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em defesa da política suicida de juros altos.
Depois, quando a taxa Selic começou a cair, não faltaram comentaristas aplaudindo a queda a conta- gotas implementada pela autoridade monetária.
Atacaram sem tréguas a pregação do presidente Lula pela redução dos juros como condição básica para o Brasil se desenvolver e gerar emprego e renda.
Juntos com a turma da Faria Lima, alardearam previsões catastróficas para o PIB. Chegaram a cravar que a expansão da nossa economia não ultrapassaria 0,7%, 0,8% ou 0,9%.
Agora, fico imaginando o dilema nas reuniões de pauta.
Como noticiar um crescimento de 2,9%, sétimo maior do planeta, à frente de economias poderosas como EUA, Japão, Canadá, Coreia do Sul, França. Itália, Reino Unido e Alemanha?
Como informar, sem passar vergonha, que os mais de R$ 10 trilhões em produtos e serviços recolocam o Brasil entre as dez maiores economias do mundo, passando a ocupar a nona colocação?
Eureka! Vamos usar o recurso do "mas".
Se o investimento caiu no último trimestre, cabe um "mas":
O Globo - "Brasil cresce 2,9%, mas queda de investimento é alerta."
O Estado de São Paulo - "PIB sobe 2,9%, mas investimento cai e pode travar avanço maior."
Se o crescimento não foi o mesmo na reta final de 2023, cabe outro "mas":
Folha de São Paulo - "PIB cresce 2,9% em 2023, mas estagna no 2º semestre."
Nem pensar em abordar o ponto crucial, que seria: Brasil podia ter crescido acima de 2,9%, mas juros altos não permitiram.
Dá nisso a combinação entre jornalismo de má qualidade e pobreza de espírito.