"O racismo e suas consequências perversas, que nossa sociedade resiste tanto a reconhecer, se revelam todos os dias nos mais diversos ambientes" - Foto: Fábio Rodriguez|ABr
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira (21) o lançamento do Plano Juventude Negra Viva, projeto que investirá mais de R$ 665 milhões nos próximos anos em ações transversais de 18 ministérios. O objetivo é reduzir a violência letal e outras vulnerabilidades sociais que afetam a juventude negra brasileira. Considerando políticas que englobam os jovens negros, mas não exclusivas para este público, o montante ultrapassa R$ 1,5 bilhão.
Durante a cerimônia, que ocorreu no Ginásio Regional da Ceilândia, região administrativa a cerca de 30 quilômetros do centro de Brasília, Lula destacou a urgência de combater o extermínio da juventude negra no país. “O racismo e suas consequências perversas, que nossa sociedade resiste tanto a reconhecer, se revelam todos os dias nos mais diversos ambientes”, afirmou o presidente.
‘Não desistam da política’
Ele enfatizou a importância da participação política. “Precisamos de cada vez mais negros ocupando espaços de poder”, disse Lula, ressaltando que qualquer um deles poderia ser o futuro presidente. “Não desacredite na política, porque o político honesto, o político trabalhador, o político decente, o político inteligente que você deseja, possivelmente, esteja dentro de você. Então assuma a sua responsabilidade política e seja o político que você quer que o Brasil tenha.”
O Plano Juventude Negra Viva contou com participação ativa e direta da sociedade. Surge a partir das demandas dos próprios jovens, com o apoio do Ministério da Igualdade Racial e da Secretaria-Geral da Presidência. Em 2023, as pastas realizaram caravanas participativas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, onde ouviram cerca de 6 mil jovens.
Segundo o governo, a juventude negra representa aproximadamente 23% da população brasileira e sua principal demanda é “viver em um país que respeita e investe na vida dos jovens negros”. Para atender a essas demandas, o plano conta com 217 ações e 43 metas específicas. Estão divididas em 11 eixos, que abrangem áreas como saúde, educação, cultura, segurança pública, trabalho e renda, entre outras.
Segurança, emprego e educação
Durante o evento, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou que 84% dos jovens negros deixam a escola para trabalhar. Por isso, as primeiras demandas apresentadas por eles sempre foram segurança, empregabilidade e acesso à educação.
Além do anúncio do plano, o ministério lançou uma série de editais, no valor de R$ 6 milhões, destinados a áreas como empreendedorismo e coletivos de jovens negros, capoeira, juventude de terreiro e Circuito Nacional de Batalha de Rima. Também foi lançado edital de R$ 3 milhões, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, para organizações da juventude negra que atuam na política de contenção de danos pelo uso de drogas.
O Plano Juventude Negra Viva tem duração prevista de 12 anos, com avaliações e renovações a cada quatro. Os governadores poderão aderir ao documento, comprometendo-se a implementar as políticas nacionais para a juventude negra em suas localidades prioritárias.
Ações prioritárias do programa
- Projeto Nacional de Câmeras Corporais, com diretrizes, treinamento e capacitação para policiais
- Criação do Pronasci Juventude, com bolsas de R$ 500 por mês para jovens negros em cursos de capacitação profissional nos institutos federais
- Política Nacional de Atenção Integral a Saúde de Adolescentes e Jovens, com recorte de juventude negra e programa específico sobre saúde mental
- Bolsa de preparação para concursos da administração pública
- Equipamentos de referência no âmbito do programa Estação Juventude, revitalização dos CEUs da Cultura e instalação de Centros Comunitários pela Vida (Convive)
- Promoção de intercâmbios entre países do hemisfério sul, com R$ 6 milhões de investimento em intercâmbios de professores e estudantes de licenciatura para África e América Latina
- Implementação do Pontão de Cultura com recorte específico para a juventude
- Internet em territórios periféricos, comunidades tradicionais e espaços públicos
- Formação de jovens esportistas nas periferias a partir dos núcleos do programa Segundo Tempo
- Crédito rural com foco na produção de alimentos, agroecologia e sociobiodiversidade, com ênfase na ampliação da linha de crédito rural Pronaf Jovem.
Com informações da Agência Brasil