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Júri popular de bolsonarista que matou dirigente do PT é adiado após defesa abandonar plenário

Abr 04, 2024

Por Rede Brasil Atual                                                                                             

Imagens da câmera de segurança flagraram o momento em que o bolsonarista Jorge Guaranho atira contra Marcelo Arruda, de fora do salão de festas - Reprodução

O juiz Hugo Michelini suspendeu, nesta quinta-feira (4), o júri popular do ex-policial penal bolsonarista Jorge Guaranho. Ele está preso desde julho de 2022 por matar o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), em sua própria festa de aniversário. O caso é dos mais emblemáticos de violência política durante a disputa pela Presidência da República há dois anos, quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

O julgamento nesta quinta definiria se houve motivação política no crime, mas a defesa de Guaranho abandonou o plenário do TJPR. O júri teve início às 9h, como previsto, mas foi suspenso 50 minutos depois após os advogados do réu pedirem o adiamento da sessão. A defesa argumentou que uma testemunha não foi localizada e intimada para depoimento. E também reclamou da inclusão nos autos de um vídeo em que Guaranho teria sido interrogado sem a presença de um advogado. E de um segundo processo, no qual o réu afirma ter sido vítima de agressões depois de ter atirado em Marcelo Arruda.

Os pedidos, contudo, foram negados pelo magistrado. Michelini também destacou que as agressões contra Guaranho ocorreram após o fato que seria julgado, o homicídio do dirigente do PT, e por isso a inclusão dos documentos não interferiria no julgamento. Diante das negativas, a defesa do acusado de assassinato abandonou o plenário e o júri foi suspenso e remarcado para o dia 2 de maio.

Relembre o caso

O processo corre no Fórum de Justiça de Foz do Iguaçu pouco mais de um ano e oito meses do crime que aconteceu na noite de 9 de julho de 2022. Na ocasião, Marcelo, que era tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu e do sindicato dos servidores municipais, comemorava seu aniversário de 50 anos com uma festa temática do partido na Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi). Minutos antes do crime, Guaranho esteve na entrada do local e, com a mulher e um filho no carro, o bolsonarista começou a gritar ao petista “aqui é Bolsonaro, seu filho da puta”. Pressionado pela mulher, o ex-policial penal saiu prometendo “matar todos vocês, seus desgraçados”.

Conforme anunciou, Guaranho voltou e invadiu a festa. Marcelo exibiu identificação de Guarda Civil e sua arma funcional. Mas foi alvejado pelo bolsonarista. A vítima deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles era um bebê com pouco mais de 40 dias. Para os advogados que representam a família de Marcelo e para o Ministério Público houve intolerância político-partidária.

A Promotoria pede a condenação de Guaranho por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum. A motivação fútil, de acordo com o MP, faz referência à “preferências político-partidárias antagônicas dos envolvidos”. Além disso, o ex-policial penal também é acusado de colocar a vida de outras pessoas em risco ao atirar. Já a defesa do réu descarta motivação política e atua pela absolvição. Os representantes legais de Guaranho alegam que o policial penal agiu em legítima defesa, já que Arruda estava com a arma em punho quando o atirador invadiu a festa onde ocorreu o crime.

Pedido de Justiça

No julgamento desta quinta, 10 testemunhas estavam confirmadas. Cinco delas foram chamadas pela defesa do acusado de homicídio e as outras cinco pelo MP. Se condenado, Guaranho pode responder a uma pena de 30 anos de prisão.

Caso o júri acolha a denúncia do MP de homicídio qualificado, a pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão. Se houver o entendimento de que ocorreu homicídio simples, o réu pode ser condenado de 6 a 20 anos. No mês passado, Guaranho foi demitido do cargo de policial penal pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

A viúva de Marcelo Arruda afirma esperar pela justiça. “Quem vai esperar que uma pessoa invada uma festa para matar o aniversariante por divergência política? Esse crime deixou um trauma na família. Até hoje, tenho medo de expressar o meu posicionamento. Só espero que a Justiça seja feita e que o júri tome a decisão pela condenação por homicídio duplamente qualificado”, afirmou em entrevista ao UOL.

Redação: Clara Assunção com informações do g1

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