Foto: Marinha do Brasil
Não se trata de procurar culpados para a maior tragédia ambiental do Rio Grande do Sul. Neste momento, a luta é para resgatar as pessoas em áreas de risco, alojar e alimentar as dezenas de milhares de desabrigados, localizar e sepultar os mortos, consolar os que perderam entes queridos, reparar e reabrir estradas, cuidar dos feridos, restaurar o abastecimento de água e energia elétrica.
Contudo, até em nome do desafio de salvar a humanidade de uma catástrofe irreversível, é preciso situar no contexto político o drama vivido pelo povo gaúcho.
Dia desses, um comentarista da GloboNews apontou corretamente que o maior centro formulador de políticas nocivas ao meio ambiente é o Congresso Nacional. Faltou, no entanto, uma informação essencial para o distinto público: os negacionistas do clima concentram-se nas bancadas da direita e da extrema-direita.
Do governo do golpista Temer para cá, o parlamento brasileiro, sob forte influência da bancada do agronegócio (aliás, quanto mesmo o agro doou para as vítimas da enchente, hein?), aprovou inúmeras leis que fragilizam a defesa das nossas florestas, rios, lagoas, matas ciliares, biomas e oceanos. Outros tantos projetos estão na fila de votação.
No governo neofascista de Bolsonaro, quando aconteceu o maior desmonte das estruturas ambientais de fiscalização e controle, deputados e senadores da direita e da extrema-direita se sentiram mais confortáveis ainda para estigmatizar a preservação ambiental, abrindo caminho para a bandidagem do garimpo, da pesca ilegal e dos madeireiros.
Além dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, centenas de defensores da Floresta Amazônica foram mortos nos últimos anos.
Nem mesmo no governo Lula os representantes do capitalismo motosserra no Legislativo se intimidaram. A aprovação do marco temporal recentemente mostra que essa gente não respeita quaisquer limites de natureza ética, despreza os direitos dos povos originários e não hesita em rasgar a Constituição para expandir seus negócios.
Vamos lembrar também que, no início do governo atual, por ocasião da votação da Medida Provisória da nova organização do governo, a própria existência do Ministério do Meio Ambiente esteve seriamente ameaçada, dado o número de parlamentares dispostos a votar pela sua extinção.
Pesquisa feita dias atrás pela Genial/Qauest revela que para 64% dos consultados a influência das mudanças climáticas sobre chuvas e cheias é total, enquanto 30% acreditam que o impacto é parcial.
Se a maioria esmagadora da população reconhece que a devastação do meio ambiente é a causa das desastres que se sucedem no Brasil e no mundo, cabe aos setores progressistas da sociedade usar de todos os instrumentos de comunicação disponíveis para levantar uma campanha de utilidade pública: "votar na direita e na extrema-direita é colocar sua vida em risco."