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Não se trata de justificar agressões físicas, que de per si são condenáveis em debates civilizados de ideias e propostas. O problema é que a presença de um delinquente como Pablo Marçal em qualquer campanha eleitoral significa rebaixar, degradar e avacalhar o debate, impedindo que a população seja esclarecida sobre projetos e programas.
Quem estica a corda do jogo sujo e ofende adversários como se estivesse em uma briga de arruaceiros assume o risco de levar um soco na cara ou uma cadeirada. Mas estou convencido de que Marçal fez tudo de cabeça pensada, tanto que elevou o tom dos ataques ao candidato Datena, que em debate anterior já tinha partido para cima dele, sendo contido pelo apresentador. Ou seja, ele percebeu que seria fácil fazer Datena explodir e perder o controle outra vez.
Caberia à mídia ter zelado por um mínimo de compostura e educação nos debates. Bastaria seguir a lei e não convidar Marçal, uma vez que pela legislação eleitoral só candidatos de partidos com, no mínimo, cinco deputados federais devem ser obrigatoriamente chamados para os debates de rádio e TV, requisito não alcançado pelo nanico PRTB do candidato.
Bem, vá lá que seja razoável o argumento dos veículos de TV, segundo o qual o convite a Marçal é um sinal de respeito ao seu eleitorado, algo em torno de 20%, segundo as pesquisas. Contudo, desde a participação no primeiro debate, se não me engano na Rede Bandeirantes, ficou claro que o candidato é indigno de frequentar espaços voltados para a discussão política, cujo objetivo é justamente confrontar ideias.
Marçal, agora, repete Bolsonaro e faz do leito hospitalar um palanque eleitoral. De agredido que se mostrava inteiro depois da cadeirada, a ponto de querer continuar no debate, subitamente Marçal vivou paciente do Sírio e Libanês, com suspeita de "fraturas nas costelas", conforme sua assessoria.
Mas há uma pedra no seu caminho. Não há como fraudar os boletins médicos em uma unidade de saúde conceituada como o Sírio Libanês. Repare que não há boletim médico divulgado pelo hospital até o momento. E, se houver, duvido que confirme fraturas nas costelas. Basta ver a cena da cadeirada, para se ter certeza de que as costelas não foram atingidas.
Algo me diz que o tiro da vitimização vai sair pela culatra. As próximas pesquisas indicarão os possíveis impactos eleitorais do episódio. Algo me diz, porém, que para o tipo de eleitor que Marçal disputa não é mérito nenhum ser agredido fisicamente e pode estar pensando assim: "Ué, mas se dizia tão esperto e acabou levando uma cadeirada? Que malandro é esse?"
Ou a Justiça Eleitoral cassa a candidatura de Marçal, ou pode vir coisa pior por aí.