Foto: Al Jazeera
A régua e o compasso usados pela mídia ocidental para definir quem deve ser tachado de terrorista chegam a ser um escárnio.
Tanto faz se a notícia for veiculada por rádio ou TV, jornais, revistas ou sites jornalísticos, a abordagem em relação ao Hamas é implacável: "Segundo fontes do grupo terrorista Hamas...", ou "Israel atacou bases do grupo terrorista Hamas", ou "Não avançaram as negociações de paz entre Israel e o grupo terrorista Hamas", e por aí vai.
No entanto, um observador dos conflitos do Oriente Médio com mais de dois neurônios e que não esteja contaminado pela propaganda sionista há de pensar: por que só o Hamas é terrorista, enquanto Israel que já matou mais de 40 mil civis palestinos, em Gaza (dois terços são mulheres e crianças), despejando bombas até sobre escolas e hospitais, não merece o mesmo tratamento?
Na discussão sobre terrorismo, a mídia esconde também as dezenas de milhares de palestinos mortos por Israel ao longo dos últimos 70 anos, bem como o apartheid que o governo sionista impõe à população palestina de Gaza, cerceando seu direito ao trabalho e de ir e vir
Escrevo enquanto assisto pela TV ao noticiário sobre os bombardeios de Israel ao Líbano, alarmando o mundo com a expansão do conflito. Agora, sob o pretexto de atacar o grupo xiita libanês Hezbollah, Israel bombardeia a capital Beirute, o Sul e outras regiões do Líbano.
Já são 558 pessoas mortas, além de 1.835 feridos. Tudo leva a crer que o carniceiro primeiro- ministro Netanyahu, alvo de protestos maciços em Israel e cada vez mais isolado no mundo, pretende ampliar o genocídio perpetrado em Gaza.
Antes, na semana passada, Israel, em mais uma ação terrorista, assassinou 37 pessoas e feriu dezenas através de uma sequência de explosões de pegers e de walkie-talkies, nos subúrbios de Beirute, em flagrante crime de guerra.
Como se sabe, convenções e tratados internacionais vedam ataques indiscriminados a alvos civis. Vale lembrar que os aparelhos explodiram em vários lugares públicos, como supermercados, feiras livres e pontos de ônibus.
Na cabeça doentia de Netanyahu, quanto mais guerra melhor, para desviar a atenção dos israelenses e manter aceso o clima interno de comoção contra inimigos externos que garanta sua permanência no poder, não importa à custa de quantos cadáveres e mutilados.
Fortemente apoiado e financiado pelos Estados Unidos, e contando com a leniência dos países europeus, Israel se sente livre para matar.
A ONU delibera por um cessar-fogo, mas Israel ignora.
As diplomacias do Brasil e da China defendem a paz, mas Israel despreza solenemente.
Reino Unido, França e Alemanha pedem o fim da guerra, mas Israel segue em sua matança.
É uma vergonha que possa haver, em pleno século XXI, um Estado marginal que não se curva a deliberações, pressões e apelos da comunidade internacional.
Passou da hora de se frear a sanha criminosa de Israel, que afronta até mesmo a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Como não há mal que sempre dure, a tentativa de Israel de alastrar a guerra, atraindo o Irã, tradicional aliado do grupo xiita Hezbollah, pode ser um tiro no próprio pé, pois mais uma guerra não interessa a ninguém, a não ser a Netanyahu em sua luta desesperada para se manter no cargo e evitar ser julgado em tribunais internacionais por crimes contra a humanidade.