Leonel de Esquerda virou o "tormento" da extrema-direita no Rio
Se é verdade que o bolsonarismo possui um eleitorado cativo e que vai eleger um bom número de prefeitos e vereadores em todo o país, também não podemos perder de vista a importância estratégica de impor algumas derrotas ao fascismo nativo.
No Rio de Janeiro, por exemplo, uma espécie de capital brasileira do bolsonarismo, onde o capitão da reserva reside e tem seu domicílio eleitoral, bem como dois dos seus filhos, resolver a eleição já no primeiro turno significa muito, tanto em termos simbólicos como em relação aos desdobramentos político-eleitorais, de olho em 2026.
Já em São Paulo, maior município do Brasil e da América Latina, levar o candidato da esquerda e do campo progressista, Guilherme Boulos, ao segundo turno tem grande peso na luta contra o extremismo de direita e na disputa de projetos de sociedade com a direita neoliberal. Sem falar que a disputa na capital paulista foi uma das poucas em que o presidente Lula se envolveu, embora de forma cautelosa.
Ao contrário do tom catastrófico usado pela imprensa comercial, em várias outras capitais e cidades grandes e médias, o PT e aliados da esquerda e do governo concorrem com chances reais de vencer. Mas vou dedicar este artigo às duas maiores cidades do pais.
Na Rio, não se pode dar chance para o azar. Embora o atual prefeito Eduardo Paes siga bem à frente da soma de intenções de voto dos outros candidatos , o que lhe asseguraria, com folga, a vitória já no primeiro turno, o candidato Ramagem cresce à medida que seu nome vai sendo identificado com Bolsonaro. Sinceramente, não vejo como o delegado que chefiava a Abin paralela possa tirar mais de 20 pontos percentuais em três dias.
Mas seguro morreu de velho. O voto em Eduardo Paes é o voto contra a visão policialesca da questão social. É o voto pelo fortalecimento da democracia, impedindo que seus inimigos usem a Cidade Maravilhosa como vitrine para suas teses trevosas. É o voto contra a violência, contra a intolerância e o ódio. É o voto para impedir que os negacionistas sabotem a saúde pública. É o voto pelo respeito à cultura e às artes, marcas registradas do Rio de Janeiro.
Imaginava-se que o PSOL, que tem todo o direito der lançar candidatura própria, somaria forças para isolar a extrema-direita. Mas Tarcísio Mota, candidato do partido à prefeitura do Rio, faz do prefeito Eduardo Paes seu alvo principal, mesmo sabendo que isso pode ajudar o delegado Ramagem.
Será mesmo que é hora de tentar afirmar projetos partidários ou pessoais? Penso que não.
Há de fato no Brasil espaço para um partido à esquerda do PT e o PSOL ocupa essa lacuna, contando em suas fileiras com quadros qualificados e valorosos lutadores. O PSOL esteve nas ruas contra o golpe que apeou Dilma do governo e apoiou Lula para presidente. Pena que em algumas ocasiões insista em usar calças curtas, embora já seja um rapaz bem grandinho, com quase 20 anos.
Em São Paulo, depois de ter cevado e dado musculatura a Pablo Marçal, o cartel da mídia agora se diz exasperado com a possibilidade do delinquente chegar ao segundo turno. Puro cinismo. E, devido aos caminhos tortuosos que a política apresenta, Boulos tem chances bem maiores de vencer caso dispute o segundo turno contra Marçal. As pesquisas atestam isso. Com a divisão do bolsonarismo entre Nunes e Marçal., tudo pode acontecer.
A pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira (3) mostra Boulos à frente com 26% e Marçal e Nunes empatados com 24%. Embora em situação de empate técnico, as curvas de Boulos e Marçal estão para cima, enquanto a Nunes se inclina para baixo. A boa performance de Boulos no debate da Rede Globo desta quinta-feira parece ter pavimentado de vez seu caminho rumo ao segundo turno.
Contudo, ainda está difícil cravar o resultado, mesmo olhando com lupa para as pesquisas, pois elas vêm emitindo sinais confusos e até contraditórios. Por exemplo: Nunes tem índices de rejeição bem menores do que seus adversários, mas em compensação ostenta o menor índice de votos consolidados, que é quando o eleitor diz que não vai mudar de opção.
Voltando ao Rio de Janeiro, como considero central o combate à extrema-direita, além de votar em Eduardo Paes, escolhi para vereador o combativo e corajoso militante Leonel de Esquerda, que se firmou nos últimos anos como um tormento para a extrema-direita, chegando a ser covardemente agredido pelo troglodita Rodrigo Amorim, candidato fascista a prefeito do Rio cassado pelo TRE. Além disso, o compromisso popular e democrático de Leonel fará muito bem à Câmara dos Vereadores do Rio.