Os bons analistas trabalham com o cérebro; os analistas ideológicos, com o fígado. O grande problema é que parte do mercado ainda pensa com o fígado. E quando os fatos se impõem, levam o maior susto.
É o que ocorreu com o carnaval de ideólogos, como Samuel Pessoa, sobre a gastança do Brasil, a desmoralização da política fiscal junto aos investidores internacionais.
Já há algum tempo, economistas norte-americanos respeitados vinham alertando que o grande problema no desequilíbrio das contas públicas estava no déficit nominal (que incluir juros da dívida pública) e não no déficit primário (receitas menos despesas).
Na preliminar, é jogo de “achismos”. Samuel e os editorialistas dizem que está tudo perdido e desequilibrado e a Fazenda diz que está tudo sob controle. Qual a prova do pudim? A avaliação das agências de risco.
- Melhora significativa no crédito do país: Devido ao desempenho robusto do crescimento do PIB e o histórico recente de reformas econômicas e fiscais.
- Compromisso do governo com a meta fiscal: A agência reconheceu o esforço do governo em manter as contas públicas sob controle.
- Expectativa de estabilização da dívida/PIB: A Moody’s projeta que a dívida pública brasileira se estabilizará em torno de 82% do PIB no médio prazo.
O efeito líquido desse relatório foi uma queda nos juros futuros, uma desvalorização do dólar e uma alta na bolsa de valores.
Mais que isso, conseguindo o grau de investimento, o país será inundado por capital estrangeiro e haverá possibilidades de estabilizar a dívida pública, conseguindo fundos internacionais que adquiram títulos do Tesouro até o vencimento.
Ora, o que se espera do analista não é saber o que pensam do futuro, mas acertar sobre o presente, isto é, antecipar o que as agências de risco pensam. Se previram o caos e as agências aprovaram o equilíbrio, eles erraram redondamente. E não é consolo nenhum afirmar que daqui a dois anos suas previsões de hoje estarão certas. Não irão corrigir em nada as previsões erradas de hoje.
Em suma, “perderam, manés!”.