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Alta abstenção aponta desesperança dos brasileiros com a política

Out 28, 2024

Por Ana Gabriela Sales, no Jornal GGN                                                                                                   

 

As eleições municipais deste ano registraram um alto índice de abstenções. Das 15 capitais com votação, neste domingo (28), seis contabilizaram mais de 30% de ausências. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que o percentual de abstenções em todo país saltou de 21,68% para 29,26%, entre o primeiro e o segundo turno. Este índice confirma o crescimento da desistência dos eleitores sobre a política.

Historicamente, a taxa de abstenção aumenta entre o primeiro e o segundo turno, já que parcela dos eleitores ficam insatisfeitos com os nomes que permanecem na disputa. Contudo, as eleições de 2024 registraram o segundo maior índice de ausências da história, ficando atrás somente dos registros de 2020, no auge da pandemia da covid-19, quando 23,2% deixaram de votar no primeiro turno e 29,5% no segundo turno.

Porto Alegre

Este ano, Porto Alegre foi a capital brasileira com o maior número de abstenções no segundo turno, com 34,83% de eleitores ausentes, cerca de 381.965 pessoas.

Esse número, inclusive, foi maior do que os 254.128 votos recebidos pela candidata Maria do Rosário (PT), que perdeu para Sebastião Melo com 406.467 votos.

A soma do total de abstenção, votos brancos e nulos, supera também os votos recebidos pelo prefeito reeleito. Confira as quatro capitais com o maior índice de abstenção:

Goiânia

Em Goiânia, o número de eleitores que não compareceram às urnas no segundo turno quase alcançou o número de votos do prefeito eleito, Sandro Mabel (União Brasil).

Ao todo, foram 352.393 ausências, enquanto os que votaram em Mabel totalizam 353.518, uma diferença mínima de 0,32%.

No primeiro turno, 290.868 goianienses não foram votar. Este número foi maior que os votos recebidos pelo candidato Fred Rodrigues (PL), o primeiro colocado naquela votação, com 214.253 votos.

Belo Horizonte

A capital mineira marcou o maior número de abstenções para uma eleição, com 636.752 de ausências registradas, percentual de 31,95%.

Mais uma vez, o total de abstenção foi maior do que os votos para o segundo colocado, Bruno Engler (PL), que contou com 577.537 eleitores, sendo que o vencedor Fuad Noman (PSD), foi reeleito com 670.574 votos.

São Paulo

Em São Paulo, o índice de abstenção foi o maior da história da cidade em um segundo turno. Mais de 2,9 milhões de eleitores, 31,54%, não votaram.

O número de ausentes foi maior do que os 2.323.901 votos recebidos por Guilherme Boulos (Psol), que perdeu para Ricardo Nunes (3.393.110 votos).

Nas zonas eleitorais de Bela Vista, Santa Efigênia, Valo Velho, Pinheiros e Campo Limpo, as abstenções foram maiores do que os votos nos dois candidatos.

TSE vai investigar o caso
Ainda na noite de ontem (27), a presidenta do TSE, ministra Cármen Lúcia afirmou que a Justiça Eleitoral fará uma pesquisa para apurar as causas das abstenções e tentar reduzir o não comparecimento nas próximas eleições, em 2026.

“Há um aumento de abstenção no segundo turno. Tivemos casos climáticos, outros problemas. Vamos verificar e ver o que podemos aperfeiçoar. Vamos ter que apurar em cada local e trabalhar com os dados”, disse a ministra, em entrevista coletiva.

Segundo ele, o TSE fará apuração junto aos Tribunais Regionais Eleitorais e um relatório deve ser apresentado antes da diplomação dos candidatos eleitos, em dezembro.

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