Foto: fornito da HuffPost Italia
"Ninguém fará um lugar bonito sobre cadáveres de mulheres e crianças", disse o presidente Lula ao condenar de forma contundente os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de expulsar os palestinos de Gaza, roubar suas terras e construir ali uma "Riviera".
Lula faz coro com diversos líderes políticos, imprensa e entidades não governamentais ao redor do planeta, que também repudiaram tamanho ímpeto totalitário.
Analistas políticos brasileiros, no entanto, viram na ascensão de Trump à presidência da nação mais poderosa da Terra como um fator que pode favorecer a extrema-direita nativa contra Lula, em 2026, a ponto até de impedir a reeleição do presidente do Brasil.
Será?
Primeiro, vamos ter claro que o jogo está só começando. É como se fosse uma partida de futebol com apenas dois minutos decorridos. Está na cara que, bravatas à parte, vem muito mais chumbo grosso por aí.
Com pouco mais de duas semanas de mandato, Trump já afrontou o mundo civilizado com o fechamento de agências humanitárias dos EUA; confisco dos bancos de dados sobre pesquisas científicas e da área de saúde; a retirada dos EUA da OMS, do Acordo de Paris e do Conselho dos Direitos Humanos da ONU; ameaça de tomar Gaza e expulsar os palestinos, em flagrante limpeza étnica; sobretaxa dos produtos de países aliados e da China; deportação de imigrantes na marra; promessa de anexar a Groelândia, violando a soberania da Dinamarca; e promessa de recuperar à força o Canal do Panamá.
Em outros tempos, esses decretos e intenções seriam dignos de aplausos entusiasmados de Hitler, Mussolini, Franco ou Salazar. Hoje a adesão mais notória entre os governantes vem do presidente da Argentina, conhecido lambe-botas radical de Trump.
O problema para Trump, no médio e longo prazos, é que pessoas honradas e países soberanos não se deixarão esmagar como moscas. Por mais que a era dos algoritmos tenha produzido uma legião de imbecis nos cinco continentes e por mais que o individualismo neoliberal seja responsável pela redução significativa do nível de consciência social e política, ainda existe sociedade civil e valores humanistas, civilizatórios e patrióticos, dos quais a maioria da população mundial não pretende abrir mão.
É previsível que quanto mais crimes contra a humanidade Trump cometer, maior será a resistência dos povos. E começa dentro de casa. A história está repleta de exemplos de derrotas dos EUA em disputas e guerras nas quais as mobilizações e protestos dos próprios norte-americanos tiveram papel importante. A guerra do Vietnã é só um desses casos.
Até porque o protecionismo econômico exacerbado, na forma de tarifas de produtos de importação, pode elevar a inflação nos EUA, prejudicando a qualidade de vida dos americanos, que também só têm a perder com a marcha batida para um isolamento internacional sem precedentes do país, que pode ser fatal para a economia americana em tempos de globalização e multilateralismo.
Até 2026, quando será chamado às urnas, o eleitorado brasileiro já terá deparado com tudo que a extrema-direita é capaz de promover em termos de destruição dos direitos mais básicos e comezinhos, evidenciando que os quatro anos do governo Bolsonaro foram só uma pequena amostra dos horrores praticados pelos adeptos dessa ideologia extremista.
Soa fortemente, portanto, o alarme para quem só quer viver em paz.