Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta terça-feira (10), que a inflação desacelerou para 0,26% em maio. Medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a taxa teve recuo de 0,17 ponto percentual (p.p.) em comparação a abril (0,43%).
Dessa maneira, a inflação acumulada no ano é de 2,75%, sendo de 5,32% em 12 meses.
O resultado ainda indica o melhor mês desde janeiro deste ano, quando o IPCA ficou em 0,16% (fevereiro ficou em 1,31%; março 0,56%; e abril 0,43%), o que significa três meses seguidos de queda da inflação.
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A notícia surpreendeu o mercado. De acordo com avaliação feita pelo Valor Data com instituições financeiras e consultorias, a expectativa era que o IPCA ficasse em 0,34%. Portanto, a desaceleração foi maior do que o esperado e coloca novamente o foco no Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne na próxima semana, em 17 e 18 de junho.
Com o IPCA em ritmo mais fraco, resta saber se os diretores do Banco Central irão seguir com o modelo de política monetária antinacional ao manterem a elevação da taxa de juros sob o pretexto de controle inflacionário, com o índice convergindo para a meta com teto de 4,5%.
Impacto
Conforme o IBGE, os resultados de maio tiveram forte influência do grupo Habitação (aumento de 1,19% e 0,18 p.p. de impacto), pois no período houve aumento da energia elétrica residencial com mudança de bandeira tarifária (-0,08% em abril para 3,62% em maio).
Por outro lado, ocorreu uma boa notícia em relação ao grupo de Alimentação e Bebidas. Este grupo tem sido uma das maiores preocupações do governo federal, apresentou desaceleração: 0,17% em maio (0,04 p.p. de impacto) frente a 0,82% em abril. Dessa forma, o Instituto indica que esta é “menor variação mensal [para maio] desde agosto de 2024, quando havia recuado 0,44%”.
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Os principais alimentos que tiveram redução nos preços foram:
- tomate (-13,52%);
- arroz (-4,00%);
- ovo de galinha (-3,98%);
- frutas (-1,67%).
Os que tiveram alta em maio são:
- batata-inglesa (10,34%);
- cebola (10,28%);
- café moído (4,59%);
- carnes (0,97%).
Já o grupo dos Transportes marcou deflação (queda de preços) de 0,37% – situação que contribuiu para a desaceleração em maio (-0,08 p.p. de impacto). Houve recuo nos preços das passagens aéreas (-11,31%) e dos combustíveis (-0,72%), sendo que todos os combustíveis pesquisados marcaram queda: óleo diesel (-1,30%), etanol (-0,91%), gás veicular (-0,83%) e gasolina (-0,66%).
O gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, ressalta que Habitação, Alimentação e bebidas, e Transportes representam, juntos, 57% do IPCA.
“Observamos que a desaceleração dos alimentos, que saíram de 0,82% em abril para 0,17% em maio e a queda dos Transportes de 0,37%, acabam por compensar a alta de 1,19% do grupo Habitação, refletindo no resultado final do índice geral”, diz.
Demais grupos
No que se refere ao grupo Educação, o IPCA captou a manutenção do índice em 0,05% de abril para maio.
Ainda foi observada a desaceleração nos preços de Vestuário (1,02% em abril para 0,41% em maio com impacto de 0,02 p.p.); Saúde e Cuidados Pessoais (de 1,18% para 0,54% em maio e impacto de 0,07 p.p.); Despesas Pessoais (de 0,54% para 0,35% em maio e impacto de 0,04 p.p.); e Comunicação (de 0,69% para 0,07% em maio e sem impacto no índice final).
Por fim, se registrou deflação no grupo de Artigos de Residência (de 0,53% em abril para -0,27% em maio e impacto de -0,01 p.p.).