Você não precisa ser muito esperto para saber que o Big Brother é um lixo. Boninho, o diretor, sabe disso. Os participantes, embora estúpidos, sabem disso.
Entre as desculpas para assistir aquilo, uma delas é que é “desestressante” e “inofensivo”. Mas qualquer coisa com Pedro Bial declamando poemas não pode ser descrita dessa maneira.
Bial defende que “não é só um programa de televisão. É um espetáculo de natureza humana que, ao contrário do que rumina o senso comum, sem dúvida revela muito mais sobre a natureza de quem espia do que de quem é espiado”. Blábláblá.
Na verdade, PB está justificando os 3,5 milhões de reais que, segundo sites especializados, porá no bolso. O BBB não é inofensivo. Ao contrário. É emburrecedor — cientificamente falando.
Um estudo conduzido por Markus Appel, professor associado da Universidade de Linz, na Áustria, concluiu que quando as pessoas não pensam criticamente sobre o que estão consumindo numa mídia correm o risco de “assimilar características mentais expostas”.
Em outras palavras, a estupidez de participantes e apresentadores de absurdos como o BBB é danosa à saúde, ainda que temporariamente.
“Não é como uma doença que você pode ter por um longo tempo. Nós não estamos dizendo que você será prejudicado um dia depois de ler um livro estúpido ou ver um programa de TV ruim”, disse Appel. “Mas a pesquisa mostrou que o desempenho em testes de conhecimento é prejudicado por esse tipo de coisa”.
Num experimento com 81 pessoas, Appel pediu a diferentes grupos que lessem um roteiro que contava o caso de Meier, um hooligan alcoólatra e intelectualmente debilitado. Metade recebeu a instrução de pensar de maneira diferente do protagonista, enquanto a outra metade não teve instrução nenhuma antes de ler.
Em seguida, todos fizeram um teste. O grupo que fez uma leitura crítica se saiu muito melhor — um processo que Appel considera ser responsável por manter longe do efeito contagioso da imbecilidade. Conhecimento geral não é o mesmo que QI, é claro. Mas os resultados, de acordo com Appel, “ajudam a reforçar a tese de que as pessoas são influenciadas de maneira sutil, mas significativamente, por produtos de baixa qualidade”.
Bella, uma bailarina do BBB 14, parecia ter alguma consciência do nível de indigência da atração criada pelo hoje milionário John De Mol. Ela foi flagrada pelas câmeras numa dúvida. “Será que as pessoas ‘faz’ isso mesmo, ‘compra’ [o pacote para ver o BBB]? Tem mais o que fazer, não, que ficar vendo umas conversa ‘troncha’ (sic) que nem essa…”
Inteligente essa Bella. Onde ela anda? Ninguém nunca mais ouviu falar. Quanto ao Bial, está lá, acorrentado ao que chama “nave louca” — nada mais do um vírus zika televisivo.