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Como derrotar uma quadrilha golpista de corruptos

Mar 30, 2016

Por Bepe Damasco                                     

 

 

1) A saída do PMDB do governo está longe de ser a tragédia pregada pela mídia e, infelizmente, absorvida por muitos lutadores contra o golpe. Primeiro porque há muito o PMDB não entrega a mercadoria combinada, já que o governo vem contando com cerca de 30 votos dos mais de 60 dos integrantes da bancada do partido. E depois porque até as paredes do Congresso e do Planalto sabem que uma dissidência significativa permanecerá no governo.
 
2) O governo está diante de uma oportunidade de ouro para solidificar uma nova base de apoio congressual. O PMDB deixa para trás ministérios estratégicos, além de cerca de 150 cargos de ponta. A saída é negociar com inteligência e habilidade como se estivesse diante de um tabuleiro de xadrez. O objetivo é fidelizar o maior número possível de parlamentares dos partidos pequenos e médios da base que até agora ocupavam posições subalternas na Esplanada dos Ministérios, tais como PP, PR, PROS, PTB, PDT, PSD e PRB.
 
3) Está mais do que claro que um hipotético governo golpista chefiado por um traidor desprezível como Temer seria formado pelo consórcio PMDB-PSDB. Nele, restariam apenas migalhas aos partidos pequenos e médios. Trocando em miúdos, em termos de ocupação de espaços, esses partidos têm mais a ganhar cerrando fileiras com Dilma do que integrando um governo manchado pelo golpe de Estado.
 
4) A luta contra o golpe se transformou em campanha cívica. Todos os dias manifestos, atos, debates, abaixo-assinados e todo tipo de mobilização reúne professores, estudantes, juristas, intelectuais, artistas das letras, do cinema e do teatro, jovens, mulheres, negros, homossexuais, reitores de universidades, sem-terra, sem-teto, galera do hip-hop, sambistas, etc. Já é possível afirmar que a sociedade civil está contra o golpe. Dar cada vez mais visibilidade a esses movimentos é essencial para emparedar os golpistas. Pressionar os deputados pela internet e no corpo a corpo nos aeroportos também conta muito.
 
5) A Frente Brasil Popular, agora unida à Frente Povo Sem Medo, tem organizado vitoriosas manifestações, como as ocorridas em todo o  país no dia 18 de março,  quando quase um milhão e meio de pessoas protestaram contra o golpe e em defesa da democracia. Contudo, é imprescindível estar nas ruas também no período compreendido entre os grandes atos, com panfletagens e atividades lúdicas. 
 
6) É preciso intensificar a denúncia da plataforma de governo dos golpistas. O povo tem que saber que eles não fazem nenhuma questão de esconder que cortarão direitos sociais e previdenciários, colocarão um ponto final na política de valorização do salário mínimo e reduzirão drasticamente, se não extinguirem, gastos com o Minha Casa, Minha Vida, Prouni, Bolsa Família, Pronatec, Mais Médicos, etc, além de privatizarem a Petrobras, Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. 
 
7) É um erro grave se pautar, reproduzir nas redes sociais, ou disseminar por qualquer outro meio, boatos que não mereçam crédito e notícias do PIG. Em tempos de guerra, informação é arma poderosa. Dar uma olhada ou outra nos sites do monopólio da mídia, para acompanhar sua trama golpista, é válido. Mas tomar como verdade suas patranhas é de uma ingenuidade imperdoável. Exemplo : em seu artigo na Folha de São Paulo, a militante tucana travestida de jornalista Eliane Catanhêde diz que Lula e Temer conversaram em São Paulo sobre o dia seguinte ao golpe. E, por incrível que pareça, já tem gente nossa repercutindo essa mentira, feita sob medida para nos desanimar.
 
8) Mais do que nunca cabeça fria e nervos de aço são requisitos fundamentais para enfrentar a tempestade. O desespero que observo por parte de alguns nas redes sociais e grupos de whatsApp não leva a nada e só ajuda o inimigo.
 
9) O militante antigolpe deve estar preparado para uma guerra prolongada. Entender as nuances e a tramitação do processo de impeachment é fundamental. Primeiro a comissão processante vota o relatório. Se for aprovado o impeachment, a matéria vai para o plenário da Câmara, onde os golpistas precisam de 342 votos. Por fim, em sessão presidida pelo presidente do STF, caberá ao Senado a decisão final. Também entre os senadores, a aprovação do impeachment requer dois terços dos votos.  Vale lembrar que o governo ainda poderá recorrer ao Supremo, já que a ausência da caracterização de crime de responsabilidade contra Dilma faz do processo uma aberração constitucional.
 
10) A mídia e os golpistas estão preocupados com o fato de a palavra golpe estar na boca de um número crescente de pessoas. Eles insistem no mantra de que o impeachment está previsto na Constituição. Mas a lei está do nosso lado. Todo militante deve trazer na ponta da língua a verdade : a Constituição só prevê a instalação de processos de impeachment contra presidentes da República quando estes cometem crimes de responsabilidade, o que não existe em relação à presidenta Dilma. Além de pedalada não ser crime, sendo comparado a um mero atraso no pagamento da fatura de um cartão de crédito, o Congresso Nacional não julgou a reprovação das contas pelo TCU. E mesmo se, contrariando o parecer do relator pela aprovação, o Congresso reprovasse as contas da presidenta, elas se referem ao mandato anterior (2010-2014). E a lei não permite perda de mandatos por questões relacionadas a mandatos anteriores.

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