O clima ufanista de duas semanas atrás entre os que tramam a ruptura da ordem democrática deu lugar à preocupação generalizada quanto ao resultado do processo de impeachment na Câmara dos Deputados. É que a cada dia crescem as chances do golpe ser derrotado no plenário.
Mesmo na comissão o placar deverá ser apertado. Claro que as articulações políticas comandadas por Lula têm peso nessa reversão de expectativas. Mas não há dúvida de que a centelha da reação democrática que acabou incendiando a sociedade é o fator principal que levou ao bate-cabeça nas hostes inimigas.
Os golpistas cometeram o grave equívoco de considerar o jogo ganho antes do apito final do juiz. Não contavam que em tão curto espaço de tempo fossem realizadas não só grandes manifestações de rua pela democracia em todo o país como também eventos em recintos fechados, mas de grande relevância política. Sem falar nos incontáveis manifestos que jorram nas redes sociais.
Essa mobilização contra o golpe teve o condão de reunir na mesma trincheira trabalhadores, estudantes, artistas, intelectuais, professores, reitores de universidades, escritores, jovens, negros, mulheres, LGBTs, gente de meia idade, coroas e por aí vai.
Também concorreram para o avanço da causa democrática barbeiragens cometidas pelos arautos do golpe, como o circo midiático no qual se transformou a convenção do PMDB. Poucas vezes se viu no mundo da política algo tão patético e ridículo. Trombetado pela mídia como a última pedra na sepultura do governo, o desembarque foi solenemente ignorado pelos ministros do partido.
Agora, com a aproximação da votação no plenário da Câmara, foi para o espaço a unidade do movimento golpista. Enquanto uns seguem apostando no impeachment congressual, outros admitem a derrota no parlamento e pregam eleições gerais, com a renúncia de todos os ocupantes de mandatos, ou eleição só para presidente, ou parlamentarismo, ou semipresidencialismo.
Contudo, para os que cerram fileiras em defesa da democracia, não há diferença. Todas essas propostas não passam de modalidades diferentes de golpes de Estado. Só há uma maneira de se respeitar a soberania popular e a Constituição : o cumprimento integral do mandato constitucional da presidenta Dilma.
Por isso, golpistas de todos os matizes não passarão !