Recupero aqui uma história – com mais informações – que ninguém da imprensa cuidou de relembrar, agora que vivemos a ameaça de ter Michel Temer como presidente sem voto.
É dos tempos em que, sem impeachment à vista, ele podia apanhar pelo fato de ser companheiro de governo de Dilma.
O vice-presidente, tão ocupado em ser decorativo, abriu uma empresa de negócios imobiliários poucos dias depois de ter sido eleito pela primeira vez, em 2010, para o cargo, a Tabapuã Empreendimentos e Participações, da qual detém 99,999%, com um pequeno capital de 10 mil reais. Em tese voltada apenas para receber os aluguéis de 20 salas de um prédio no Itaim Bibi cinco meses depois elevado para R$ 2.210.000,00, passando a dedicar-se à “incorporação de empreendimentos imobiliários”.
Temer, aliás, em pleno exercício da Vice Presidência – e Presidente, nas interinidades – assinava pela empresa, segundo os registros da Junta Comercial do Estado de São Paulo, tendo como gerente uma funcionária com seu próprio gabinete oficial, paga pelo Estado e designada quando já estava ele no Palácio do Jaburu. A farra acabou quando o assunto foi parar na Veja e os negócios foram entregues a seu irmão Adib Temer.
Tudo, afinal, não passou de um “engano”.
Engano? Existe impedimento legal para que se ocupe cargos públicos e se permaneça como dirigente de empresa, coisa que, objetiva e documentadamente, Temer foi durante dois anos e meio de seu exercício.
Fico imaginando o que se diria de Lula ou de Dilma se colocassem um funcionário do Planalto para administrar suas eventuais empresas privadas…