A leitura dos jornais hoje, Dia dos Namorados e um mês completo da usurpação da Presidência da República por Michel Temer faz com que, até pelos personagens envolvidos, a relação de simbiose entre ele e Eduardo Cunha.
Unido, novo ‘centrão’ pauta governo Temer e planeja comandar Câmara, diz a Folha.
Após recuos, Temer cede a pressões para Dilma não voltar, chama O Globo.
Os dois jornais, entretanto, não vão ao ponto: o sistema de forças que conduziu Michel temer, pela via do golpe, ao Palácio do Planalto foi exatamente este.
Como o acréscimo de um tucanato (e seus satélites) que não teve o menor pudor em juntar-se á quadrilha comandada por Eduardo Cunha.
Pudores que, também, não ocorreram à mídia.
Só lhes faltou a sinceridade de dizer, com todas as letras, como o fez o deputado Paulinho da Força: “Todo mundo sabe que sem Eduardo Cunha não haveria processo de impeachment, graças ao trabalho dele foi possível tirar o PT do poder”.
Agora, porém, tucanos, DEM e mídia desfecham uma ofensiva para liquidar Eduardo Cunha e assumirem o controle de Michel Temer, já de posse do dote da Presidência que o casamento com Cunha o brindou.
Buscam a traição dentro da traição e não sem certa simpatia do próprio Temer, que adoraria se livrar do companheiro enlameado, ficando com a faixa presidencial que este já lhe deu e com a maioria na Câmara que ele ainda conserva.
Mas nenhum dos dois é ingênuo e sabe que o amor que os une é o poder, que sempre obtiveram por pressão, cooptação e pela capacidade de servir a seus interesses servido a outros.
Quando se conquista o poder assim, sabe-se que deixar o outro se afogar é o risco de ser levado por seu abraço de morte.
Porque a fidelidade aí não é a dos amantes, mas a dos cúmplices.