Depois de uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), voltou a abordar a situação dos moradores de rua em uma nota nesta sexta. Apenas na capital paulista, cinco pessoas morreram nas ruas devido ao frio. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi acusada de retirar colchões e pertences pessoais de quem dormia em praças e outros locais públicos. O motivo, conforme disse o prefeito, era evitar uma "refavelização" desses lugares.
No texto, Haddad primeiramente critica "a grande imprensa", que segundo ele, foi "tomada por uma inédita preocupação com higienismo e moradores em situação de rua", mas que até então havia sido contra programas da Prefeitura como o "De Braços Abertos (DBA)", contra o crack. "Hoje, a imprensa me acusa de querer isentar a Prefeitura de responsabilidade pelos óbitos da última frente fria. Não é verdade", rebate. Fernando Hadddad afirmou ainda que não foi encontrada "nenhuma correlação entra a ação da Guarda e os óbitos".
Leia a íntegra:
MENTIRA E HIPOCRISIA
A grande imprensa foi tomada por uma inédita preocupação com higienismo e moradores em situação de rua. Tanto melhor. Trata-se de população extremamente vulnerável. Há entre eles pessoas de todo tipo: trabalhadores desempregados, usuários e dependentes de drogas, egressos do sistema prisional e pessoas com enfermidades.
Quando criamos o Programa "De Braços Abertos (DBA)", os dois principais jornais da cidade adotaram posição editorial contrária ao programa.
Ele visa, como se sabe, diversificar o atendimento da assistência para atrair o morador em situação de rua dependente de crack para os serviços oferecidos pela prefeitura. No momento em que o programa recebe reconhecimento internacional é o jornal O Globo que dá a notícia.
Hoje, a imprensa me acusa de querer isentar a Prefeitura de responsabilidade pelos óbitos da última frente fria.
Não é verdade.
A GCM foi acusada de provocá-las mediante a retirada ilegal de cobertores. Durante toda semana, investigamos estes óbitos, procurando cruzar duas informações: a causa da morte e a rotina da Guarda. Não encontramos nenhuma correlação entra a ação da Guarda e os óbitos.
Se entendêssemos que o frio não mata jamais teríamos aberto 1,5 mil vagas provisórias durante o inverno, além das 2 mil permanentes, criadas desde 2013, um aumento de 25%.
Serviços inéditos foram criados para além do DBA: para LGBTs (Transcidadania), para imigrantes, para famílias (Família em Foco), etc. Nenhuma cobertura da imprensa.
O que se ouve nas redes são referências ao bolsa-crack e bolsa-traveco, expressões, estas sim, de desrespeito à população vulnerável.
Continuaremos a diversificar o atendimento da assistência, em combinação com saúde, segurança urbana, educação e trabalho, para proteger essa população, na melhor tradição de respeito aos direitos humanos.
Quem romantiza a permanência na rua em situação de risco extremo não somos nós. Não sejamos hipócritas.