A resposta é simples, ele não existe fora das colunas econômicas dos jornais – e, a esta altura, nem em todas elas.
É obvio que houve melhoras, mas elas quase que se restringem aos “índices de confiança” e a razão é óbvia: o fim da campanha sistemática de “estamos a caminho do caos” que há anos domina o noticiário econômico.
O máximo de boa-vontade que se pode ter é o de dizer que pararam de subir alguns preços que tinham dado uma “estilingada” no período final de Dilma. Mas eram preços (alimentos e energia) com que o mercado contava fossem cair e aliviar a inflação.
Não aconteceu e é improvável que aconteça em alguma escala significativa.
Quarta-feira sai o IGP-M, que os jornais chamam de “inflação do aluguel”, por ser o índice legal de correção para imóveis. Não é, é uma espécie de preditor da inflação futura, porque privilegia, na sua composição, os preços por atacado.
Que vão bater no varejo, claro.
Deve ficar perto de 1,5%, o dobro do registrado no mesmo mês de 2015.
É por isso que não há surpresa em que, pela sexta semana consecutiva, das setes em que o “mercado” prevê inflação para 2016 sob o governo Temer as previsões vão lentamente subindo e, agora, arrastando para cima a previsão da taxa de juros.
Os neoliberais são muito bons em dizer que “daqui a pouco as coisas vão melhorar”. Ou alguém esqueceu como Joaquim Levy previa a “recuperação da economia” sempre para dali a a quatro ou cinco meses?
E há, ainda, uma fator que tem repercussão ainda imprevisível: o “efeito Brexit” no câmbio Euro x Dólar, que tem duração e alcance que só adivinhos podem prever. Como é nosso setor exportador que está “segurando as pontas” no fluxo cambial, há uma área de sombra que não se pode ainda medir.
Então, quando você assistir alguma daquelas entrevistas onde o interino diz, sem parar, que as coisas “estão melhorando”, saiba que é, como tudo nele, falso.