Depois de ser comandada por um curto período de tempo pelo ex-diretor de Comunicação da Câmara dos Deputados, Laerte Rimoli, a EBC voltou a ser chefiada pelo presidente eleito, Ricardo Melo.
Já é possível observar os impactos da mudança - na linha editorial e na qualidade do jornalismo da Agência Brasil. O site de jornalismo público voltou a realizar entrevistas e matérias que vão além do “arroz e feijão” defendido por Rimoli.
Nesta quinta-feira (30), o repórter Felipe Pontes assina entrevista com a presidente executiva da Public Media Alliance, Sally-Ann Wilson, justamente sobre a necessidade que o jornalismo público tem de ser independente das forças políticas.
“Em geral, onde a democracia está, a comunicação pública também está”, garante a executiva, que por dez anos trabalhou como produtora na emissora britânica BBC. Mas “mesmo em países em que a comunicação pública é realmente bem-sucedida, há uma tensão constante para se manter esse equilíbrio no que diz respeito às leis de meios, às regulamentações”.
Ela falou sobre os modelos de financiamento para a comunicação pública e os conflitos com os grupos de mídia. “O importante é que os recursos tenham destinação específica, que as leis estejam lá para garantir que o dinheiro vá para a emissora pública, e também assegurar que as empresas de comunicação pública prestem contas à sociedade”.
“Em todos os lugares do mundo, companhias privadas veem as empresas públicas de comunicação com uma vantagem desleal. Por serem subsidiadas, são vistas como não sendo obrigadas a lutar pela própria sobrevivência ou que pagar para se manter. Mas, na verdade, é essencial que tenhamos uma comunicação pública que possa oferecer uma visão alternativa da mídia privada. Porque se é patrocinada comercialmente, pode haver distorções nas histórias, distorções na linha editorial”.