Não vai no título acima nenhuma intenção de desrespeitar o ex-ponta direita do Fluminense na década de 1970, cujas principais características eram a velocidade e a explosão, além de alguma habilidade para o drible. Contudo, fazer gols decididamente não era sua praia. Sua dificuldade crônica em balançar as redes fez com que encerrasse a carreira com pouquíssimos gols marcados, certamente menos de dez. Já o genial Pelé, como se sabe, marcou 1.281 vezes ao longo de sua brilhante carreira.
Se for verdadeira a notícia publicada pelo jornal Folha de São Paulo, segundo a qual Lula dera o aval para que a bancada do PT na Câmara dos Deputados apoiasse o deputado golpista Rodrigo Maia, do DEM, para a presidência da Casa, sob o argumento de que é necessário impor uma derrota a Cunha e às dezenas de parlamentares que orbitam em torno dele, aí o ex-presidente, reconhecidamente um Pelé, um gênio da política, teria dado uma de Cafuringa.
Chamou a atenção o fato de o Instituto Lula, sempre pronto a rechaçar as tantas mentiras e calúnias do monopólio midiático sobre Lula, não ter se manifestado sobre o assunto. Ainda bem que a bancada do PT, reunida nesta segunda-feira (11), decidiu vetar qualquer candidato que tenha apoiado o golpe de estado que apeou do governo a presidenta eleita legitimamente pelo povo brasileiro com mais de 54 milhões de votos.
Chega também a informação de que a proposta de apoio a Rodrigo Maia gerou revolta em muitos deputados petistas. Não é para menos. Não se sustenta a tese de que a a eventual derrota de Rogério Rosso (PSD-DF), o candidato de Cunha e, provavelmente, de Temer também, fragmentaria de forma irremediável a base de apoio do governo golpista.
Ledo engano. Logo, eles providenciariam a colagem dos cacos, com os derrotados lambendo as feridas o mais rápido possível em nome do objetivo maior que é dar sustentação ao governo golpista, para que ele leve adiante a profunda restauração conservadora em curso.
E mais : em que medida Maia é menos golpista e infame do que Rosso ? Não há diferença entre os 368 que disseram sim ao golpe na sessão vergonhosa da Câmara dos Deputados de 17 de abril. Todos haverão de levar para o túmulo o carimbo de golpista impresso na testa. A latrina da história é o destino que lhes cabe.
Uma eventual decisão das bancadas do PT e do PCdoB de oferecer apoio a um "golpista mais palatável" seria um tragédia para o movimento nacional de resistência democrática, o maior patrimônio político construído pelos partidos, centrais sindicais e demais entidades reunidos nas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, levando de roldão a unidade de ação entre esse lutadores políticos e sociais.
A resolução da bancada do PT recoloca a discussão nos trilhos , pois define como pré-condição para o apoio petista o posicionamento contrário à farsa do impeachment. Tanto melhor se esse nome aparecer. Caso contrário, por que não lançar um candidato da bancada para marcar posição, ou mesmo cerrar fileiras junto à candidatura de Erundina, do PSOL ? Perder não é problema. O importante é a compreensão de que a eleição para a presidência da Câmara é penas mais um capítulo da luta contra o golpe e pelo regate da democracia.