O governo golpista de Michel Temer é a mais perfeita tradução da elite brasileira. Escravocrata, xenófoba, corrupta, sexista, homofóbica, avessa à pobreza e inculta. Não à toa, perdeu as quatro últimas eleições para presidente. O eldorado dos bem nascidos brasileiros é um país para 40 milhões de pessoas. Os outros 160 milhões que se danem.
O festival de horrores exposto a cada declaração pública dos ministros golpistas sobre seus planos só reforça a convicção de que o país enveredou pelo labirinto das trevas.
Como o foco principal dos golpistas que assaltaram o Planalto é pilhar as riquezas nacionais em prol dos apoiadores e financiadores do golpe, eles desprezam até as evidências mais comezinhas, como o fato de nenhum país do mundo adotar mais programas ultraneoliberais, os quais onde foram aplicados fracassaram de forma retumbante.
Se depender de Temer e sua quadrilha, basta o Senado carimbar em definitivo o golpe de Estado para que ganhe corpo o arsenal já anunciado de medidas contra os direitos do povo e as conquistas sociais, republicanas e civilizatórias.
Na alça de mira, as riquezas do pré-sal, a CLT, a previdência social, a saúde e educação públicas, o Minha Casa, Minha Vida, o Mais Médicos, o Bolsa Família, o Ciência sem Fronteiras, o emprego formal, a política externa soberana e os movimentos sociais.
O diabo é que o Congresso Nacional mais desqualificado política e moralmente da história da República está a postos para endossar todas essas barbaridades contra o povo, que, infelizmente, ainda não seu deu conta da espada que paira sobre seu pescoço.
É evidente que nada é pior do que uma ditadura. A que infelicitou o Brasil por longos 21 anos cassou, perseguiu, censurou, baniu, prendeu, sequestrou, torturou e matou inúmeros patriotas. Contudo, não se tem notícia de que o regime dos generais tenha tentado acabar com as leis trabalhistas, ou impedir a aposentadoria das pessoas, ou liquidar com o ensino superior público, ou privatizar tudo que fosse possível, ou entregar o setor de saúde para os planos privados,
Neste sentido, do ponto de vista do interesse público, o governo do golpista Temer, que depôs a presidenta eleita com 54 milhões de votos, é ainda mais nefasto do que o dos militares que derrubaram um mandatário constitucional como Jango.
O momento que vivemos é gravíssimo. O desafio dos lutadores é transformar a forte rejeição a Temer já captada pelas pesquisas em ação de massa e luta radicalizada em defesa da democracia e dos direitos ameaçados. Para além da energia cívica, é essencial que nos inspiremos nos iluministas. Só assim siaremos da escuridão.